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Histeria - Teoria Clínica

  • almartinspsi
  • 13 de dez. de 2023
  • 2 min de leitura

Por volta do século XIX, a ciência médica da época acreditava que a histeria afetava apenas mulheres. Esse fato pode ser constatado na própria origem da palavra, que advém do termo grego, “hystéra”, e significa útero. Ela era definida pela presença de diferentes sintomas, tais como: dores, anestesias, cegueiras, paralisias dos membros, contrações musculares, etc. Ou seja, os sintomas da histeria expressavam a somatização como elemento comum, a ausência de danos físicos e de uma causalidade orgânica. 


Freud recolheu esta definição de histeria e lhe acrescentou novos elementos. Essa tipologia neurótica, sobre a qual ele se debruçou durante todos os anos de seu trabalho, foi uma grande motivadora dos seus estudos da teoria psicanalítica. A novidade freudiana foi a inteligibilidade de que, no paciente, o sintoma funciona como uma resposta a um determinado conflito interno, e promove inclinações para o histérico, ao mesmo tempo, fazer algo (desejo) e se conter (ego). 


Freud exemplificou o funcionamento do sintoma histérico com o caso de sua paciente Elisabeth Von R, que chegou em análise apresentando delírios de perseguição, dores nos membros inferiores, entre outras queixas. Durante o tratamento ela lhe relatou que, enquanto cuidava de sua irmã doente, havia pensado que, após a morte dela, poderia se envolver com seu cunhado, pelo qual havia se apaixonado. No entanto, esse desejo vinha acompanhado de um forte sentimento de que ela deveria se envergonhar e estar sofrendo pela morte da irmã. Os sintomas de Elizabeth eram, portanto, um produto desse sofrimento psíquico.


No livro "A histeria - Teoria e clínica", Juan David Nasio (1990) afirmou que: "A histeria é, antes de mais nada, o nome que damos ao laço e aos nós que o neurótico tece em sua relação com os outros e a partir de suas fantasias". Com efeito, percebe-se que diante da histeria há uma espécie de imposição afetiva em relação a uma fantasia inconsciente. Por esse motivo, parte do trabalho em análise é levar o paciente a acessar a fantasia que deu origem à neurose, atravessando a angústia e oferecendo ferramentas para que o analisando consiga, por fim, reconhecer e enfrentar o seu desejo. 




 
 

© 2025 por Ana Luísa Martins | Psicanalista

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